ANOREXIA
Vamos tratar aqui de um assunto extremamente grave, que parece não preocupar muito o mercado capitalista, que foca suas lentes nos gordinhos enquanto não lembramos dessa devastadora doença que decepa tantas vidas principalmente as muito jovens.
O que é Anorexia?
Chamamos de anorexia uma percepção distorcida quanto ao próprio corpo, que leva a pessoa a ver-se e sentir-se como "gorda" mesmo após perder muito peso. Essa percepção errônea faz com que o anoréxico mantenha seu peso abaixo dos níveis ideais para sua estatura, prejudicando seriamente a própria saúde. Mesmo quando parentes e amigos comentam sobre sua magreza excessiva, o indivíduo não consegue perceber e insiste em continuar emagrecendo. A anorexia atinge com maior freqüência mulheres (90% dos casos) na faixa etária compreendida 14 e os 18 anos, raramente ocorrendo após os 40 anos.
É comum a anorexia ser desencadeada por fatores estressores (desemprego, divórcio, mudança de cidade), no entanto não podemos afirmar que esses eventos causam a doença e sim que algumas vezes a precipitam.
Muitos acreditam que o portador de anorexia não sente fome, o que não é verdadeiro, pois o que ocorre é que apesar da fome ele se recusa a comer, o que aumenta ainda mais seu conflito e sofrimento.
Alguns portadores desse transtorno apresentam episódios denominados binge, durante os quais comem compulsivamente grandes quantidades de alimentos e depois vomitam. Nesses casos dificilmente o paciente precisa provocar o vômito, pois o próprio organismo se encarrega disso.
Com o que não deve ser confundida:
A anorexia não é "frescura", vaidade excessiva ou loucura. É uma doença que como qualquer outra não surge por culpa ou desejo do portador, sendo assim o doente precisa de tratamento especializado, carinho e compreensão daqueles que lhe são próximos.
Anorexia não é sinônimo de bulimia, embora algumas vezes os dois transtornos possam ocorrer paralelamente. Na bulimia o paciente não consegue conter o impulso de comer excessivamente, e para não ganhar peso provoca o vômito e/ou faz uso de laxantes e diuréticos.
Sintomas:
Os pacientes anoréxicos apresentam um ou mais dos sintomas abaixo descritos:
- Recusa em manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo adequado à idade e a altura;
- Negação do baixo peso corporal atual;
- Medo intenso de ganhar peso mesmo estando com a massa corporal abaixo do normal;
- Visão distorcida negativamente do peso ou da forma do corpo;
- Amenorréia (ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos);
- Alguns pacientes manifestam sintomas depressivos como retraimento social, irritabilidade, insônia e interesse sexual diminuído.
Esse transtorno também é caracterizado por práticas como:
- Recusa em manter o peso corporal em um nível igual ou acima do mínimo adequado à idade e a altura;
- Dietas e jejuns sem orientação e acompanhamento médico;
- Exercícios físicos intensos, sem orientação e/ou acompanhamento especializados;
- Vômitos provocados;
- Uso desnecessário de diuréticos e laxantes.
Consequências:
A inanição provocada pela anorexia pode acarretar dores abdominais, intolerância ao frio, pele seca e/ou amarelada, hipertrofia das glândulas salivares, problemas renais (associados a desidratação crônica e hipocalemia), complicações cardiovasculares (hipotensão severa, arritmias), problemas dentários e osteoporose (conseqüência do baixo consumo e absorção de cálcio, secreção reduzida de estrógeno e maior secreção de cortisol).
Tratamento:
A combinação de psicoterapia com tratamento medicamentoso tem trazido melhores resultados, pois enquanto a terapia trabalha para restabelecer a correta percepção da imagem corporal os medicamentos servem como paliativos para os sintomas e proporcionam maior conforto para o paciente até seu total restabelecimento.
A internação para a reposição de nutrientes é recomendada quando o nível de desnutrição é ameaçador para a saúde do portador de anorexia.
Em todas as etapas do tratamento o apoio de familiares e amigos é fundamental para o restabelecimento do paciente.
A anorexia deve ser lavada a sério, pois casos que tem diagnóstico tardio podem culminar em morte por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sangüíneos.
A contínua perda de peso e a insistência em um excesso de peso irreal devem fazer soar o sinal de alerta de parentes e amigos, pois no início do transtorno o paciente anoréxico não se considera doente, sendo capaz de falar insistentemente sobre seu “excesso” de peso e a necessidade de fazer regime, fazendo com que pessoas desavisadas possam pensar que está brincando.
A anorexia é especialmente grave na fase de crescimento, pois nessa fase há maior necessidade de ganho calórico para que o crescimento não seja prejudicado.
FONTE: www.alppsicologa.hpg.com.br
O que é?
Essencialmente é o comportamento persistente que uma pessoa apresenta em manter seu peso corporal abaixo dos níveis esperados para sua estatura, juntamente a uma percepção distorcida quanto ao seu próprio corpo, que leva o paciente a ver-se como "gordo". Apesar das pessoas em volta notarem que o paciente está abaixo do peso, que está magro ou muito magro, o paciente insiste em negar, em emagrecer e perder mais peso. O funcionamento mental de uma forma geral está preservado, exceto quanto a imagem que tem de si mesmo e o comportamento irracional de emagrecimento.
O paciente anorético costuma usar meios pouco usuais para emagrecer. Além da dieta é capaz de submeter-se a exercícios físicos intensos, induzir o vômito, jejuar, tomar diuréticos e usar laxantes.
Aos olhos de quem não conhece o problema é estranho como alguém "normal" pode considerar-se acima do peso estando muito abaixo. Não há explicação para o fenômeno mas deve ser levado muito a sério pois 10% dos casos que requerem internação para tratamento (em hospital geral) morrem por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sanguíneos.
Como é o paciente com anorexia?
O paciente anorético só se destaca pelo seu baixo peso. Isto significa que no seu próprio ambiente as pessoas não notam que um determinado colega está doente, pelo seu comportamento. Mas se forem juntos ao restaurante ficará evidente que algo está errado. O paciente com anorexia não considera seu comportamento errado, até recusa-se a ir ao especialista ou tomar medicações. Como não se considera doente é capaz de falar desembaraçadamente e convictamente para os amigos, colegas e familiares que deve perder peso apesar de sua magreza. No começo as pessoas podem até achar que é uma brincadeira, mas a contínua perda de peso apesar da insistência dos outros em convencer o paciente do contrário, faz soar o alarme. Aí os parentes se assustam e recorrem ao profissional da saúde mental.
Os pacientes com anorexia podem desenvolver um paladar estranho ou estabelecer rituais para a alimentação. Algumas vezes podem ser flagrados comendo escondidos. Isto não invalida necessariamente o diagnóstico embora seja uma atitude suspeita.
Depois de recuperado o próprio paciente, já com seu peso restabelecido e com a recordação de tudo que se passou não sabe explicar porque insistia em perder peso. Na maioria das vezes prefere não tocar no assunto, mas o fato é que nem ele mesmo concorda com a conduta insistente de emagrecer. Essa constatação no entanto não garante que o episódio não volte a acontecer. Depois de recuperados esses pacientes retornam a sua rotina podendo inclusive ficar acima do peso.
Há dois tipos de pacientes com anorexia. Aqueles que restringem a alimentação e emagrecem e aqueles que têm episódios denominados binge. Nesses episódios os pacientes comem descontroladamente até não agüetarem mais e depois vomitam o que comeram. Às vezes a quantidade ingerida foi tão grande que nem é necessário induzir o próprio vômito: o próprio corpo se encarrega de eliminar o conteúdo gástrico. Há casos raros de pacientes que rompem o estômago de tanto comerem.
Qual o curso dessa patologia?
A idade média em que surge o problema são 17 anos. Encontramos muitos primeiros episódios entre os 14 e os 18 anos. Dificilmente começa depois dos 40 anos. Muitas vezes eventos negativos da vida da pessoa desencadeiam a anorexia, como perda de emprego, mudança de cidade, etc. Não podemos afirmar que os eventos negativos causem a doença, no máximo só podemos dizer que o precipitam. Muitos pacientes têm apenas um único episódio de anorexia na vida, outros apresentam mais do que isso. Não temos por enquanto meios de saber se o problema voltará ou não para cada paciente: sua recidiva é imprevisível. Alguns podem passar anos em anorexia, numa forma que não seja incompatível com a vida mas também sem restabelecer o peso ideal. Mantendo-se inclusive a auto-imagem distorcida. A internação para a reposição de nutrientes é recomendada quando os pacientes atingem um nível crítico de risco para a própria saúde.
Sobre quem a anorexia costuma incidir?
As mulheres são largamente mais acometidas pela anorexia, entre 90 e 95% dos casos são mulheres. A faixa etária mais comum é a dos adultos jovens e adolescentes podendo atingir até a infância, o que é bem menos comum. A anorexia é especialmente mais grave na fase de crescimento porque pode comprometer o ganho esperado para a pessoa, resultando numa estatura menor do que a que seria alcançada caso não houvesse anorexia. Na fase de crescimento há uma necessidade maior de ganho calórico: se isso não é obtido a pessoa cresce menos do que cresceria com a alimentação normal. Caso o episódio dure poucos meses o crescimento pode ser compensado. Sendo muito prolongado impedirá o alcance da altura geneticamente determinada. Na população geral a anorexia atinge aproximadamente 0,5%, mas suspeita-se que nos últimos anos o número de casos de anorexia venha aumentando. Ainda é cedo para se afirmar que isto se deva ao modelo de mulher magra como o mais atraente, divulgado pela mídia, esta hipótese está sendo extensivamente pesquisada. Para se confirmar se a incidência está crescendo são necessários anos de estudo e acompanhamento da incidência, o que significa um procedimento caro e demorado. Só depois de se confirmar que o índice de anorexia está aumentando é que se poderá pesquisar as possíveis causas envolvidas. Até bem pouco tempo acreditava-se que a anorexia acontecia mais nas sociedades industrializadas. Na verdade houve falta de estudos nas sociedades em desenvolvimento. Os primeiros estudos nesse sentido começaram a ser feitos recentemente e constatou-se que a anorexia está presente também nas populações desfavorecidas e isoladas das propagandas do corpo magro.
Tratamento:
O tratamento da anorexia continua sendo difícil. Não há medicamentos específicos que restabeleçam a correta percepção da imagem corporal ou desejo de perder peso. Por enquanto as medicações têm sido paliativos. As mais recomendadas são os antidepressivos tricíclicos (possuem como efeito colateral o ganho de peso). Os antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina têm sido estudados mas devem ser usados com cuidado uma vez que podem contribuir com a redução do apetite. É bom ressaltar que os pacientes com anorexia têm o apetite normal, ou seja, sentem a mesma fome que qualquer pessoa. O problema é que apesar da fome se recusam a comer. As psicoterapias podem e devem ser usadas, tanto individuais como em grupo ou em família. A indicação dependerá do profissional responsável. Por enquanto não há uma técnica especialmente eficaz. Forçar a alimentação não deve ser feita de forma rotineira. Só quando o nível de desnutrição é ameaçador. Forçar alimentação significa internar o paciente e fornecer alimentos líquidos através de sonda naso-gástrica. Geralmente quando se chega a isso torna-se necessário também conter (amarrar) o paciente no leito para que ele não retire a sonda.
FONTE: WWW.psicosite.com.br
A MORTE DA MODELO.
Ana Carolina Reston faleceu aos 21 anos, vítima de anorexia.
A modelo brasileira Ana Carolina Reston morreu terça-feira (15-11-2006) aos 21 anos, vítima de anorexia. A modelo que media 1,74 metros de altura, à data da morte pesava 40 quilos, conseguidos com uma alimentação à base de maçã e tomate. Carolina foi internada a 25 de Outubro com insuficiência renal, tensão arterial baixa, dificuldades em respirar e uma infecção generalizada.
Fonte: cantinhodomundo.blogspot.com
Modelo morta por anorexia se achava gorda com 46 kg.
A modelo Ana Carolina Reston Macan, que morreu anteontem, aos 21 anos, vítima de complicações provocadas pela anorexia nervosa, já havia declarado sete meses atrás que tinha perdido o controle e que havia parado de comer. "Às vezes ainda me acho gorda. Eu tenho uma imagem distorcida de mim", afirmou ela.
Durante uma entrevista concedida em abril deste ano ao Agora, a modelo afirmou que estava trabalhando no Japão quando a obsessão pela magreza começou a se tornar uma doença. Ela teve que ser internada e acabou voltando ao Brasil. "Eu pesava 46 kg, tenho 1,74 m, e ainda tomava remédio para emagrecer. Cheguei a pesar 42 kg", lembrou.
Depois de ter realizado o tratamento, a modelo voltou a pesar 46 kg e continuou freqüentando um psicólogo. O problema, entretanto, persistiu, e a modelo acabou sendo internada em 25 de outubro passado em decorrência de uma insuficiência renal.
Debilitada pela anorexia nervosa, a pressão arterial dela despencou, o que fez com que passasse a ter dificuldade para respirar. Seu quadro clínico evoluiu para uma infecção generalizada --e Ana Carolina acabou morrendo anteontem, quando pesava 40 kg. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo.
A entrevista concedida pela modelo foi publicada na "Revista da Hora", do Agora, em 30 de abril deste ano.
Perfil:
De acordo com a prima de Ana Carolina, Geise Strauss, 30, a modelo comia muito pouco --"gostava de maçã e tomate"-- e, em seguida, entrava no banheiro para vomitar. A modelo vítima de anorexia namorava Bruno Setti, de 19 anos, seu colega de profissão, e fazia bicos como promotora de casas noturnas.
Na internet, na página de relacionamentos Orkut, Ana Carolina cita "O Pequeno Príncipe", "Gabriela Cravo e Canela" e "Meu Pé de Laranja Lima" como livros preferidos. No item em que as pessoas mencionam os pratos preferidos, a modelo cita marcas de cozinha: "Prefiro as moduladas", ironiza.
Na noite de ontem, havia mais de 500 recados deixados no perfil de Ana Carolina com mensagens para seus familiares. A maioria dos textos era de pêsames, porém muitas afirmavam que o caso da modelo deveria servir como alerta para as demais meninas que exercem a profissão.
Casos famosos:
Ocorrências de anorexia e bulimia podem ser encontrados no cinema, na música, no esporte e até em família real. A atriz Jane Fonda, por exemplo, conviveu com a anorexia dos 15 aos 40 anos. Ela conta que queria "agradar e ser perfeita", o que na época queria dizer "esquelética".
Na música, um dos exemplos mais conhecidos de problemas relacionados a distúrbios alimentares é o da cantora e baterista Karen Carpenter, que morreu em 1983, aos 32 anos, depois de ter sofrido um ataque cardíaco decorrente de anorexia. Ela formava com o irmão, Richard, o grupo The Carpenters, famoso nos anos 70.
Outro caso emblemático é o da princesa Diana (1961-1997), que assumiu que foi bulímica e anoréxica --e que já havia tentado cometer suicídio.
No esporte, a surfista brasileira Andréa Lopes, hoje com 31 anos, teve anorexia aos 20 anos. No auge da doença, chegou a pesar 38 kg --hoje ela tem 59 kg. "Todo mundo que vinha me oferecer comida era uma ameaça para mim. Tinha obsessão com o meu peso e só pensava em ser campeã mundial." Ela começou a se tratar após insistentes pedidos da mãe, que chegou a ouvir na praia que a filha "deveria ter Aids".
Fonte: Folha OnLine.
Ana Carolina Reston Macan (Jundiaí, 4 de junho de 1985 — 15 de novembro de 2006) foi uma modelo brasileira. Ficou nacionalmente conhecida por ocasião de sua morte, por complicações decorrentes da anorexia.
Ana Carolina nasceu no interior de São Paulo, numa família de classe média. De acordo com familiares, ela sonhava em ser modelo desde criança. Após vencer um concurso realizado no interior, foi "descoberta" por uma olheira de agência e começou a trabalhar com 13 anos. Trabalhou no Brasil, na França e no Japão, país onde sua obsessão passou a se tornar doença.
Com 1,70 metro ela pesava 46 quilos, e ainda assim tomava remédios para emagrecer. Chegou a pesar 42 quilos.
Após tratamento em psicólogo, ela voltou a pesar 46 kg. Embora continuasse o tratamento, sua anorexia persistiu, fazendo com que Ana Carolina fosse internada em 25 de outubro, com um quadro de insuficiência renal.
Em consequência da anorexia nervosa, a pressão arterial dela despencou, o que fez com que passasse a ter dificuldades respiratórias.
Seu quadro clínico evoluiu então para uma infecção generalizada, e morte.
Quando morreu, a modelo pesava 40 kg. Seu IMC (Índice de Massa Corporal) era de apenas 13,52, quando o ideal é 18,5, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Seu corpo foi enterrado no cemitério de Pirapora do Bom Jesus, na Grande São Paulo.
Fonte: WikiPédia.
ANOREXIA MASCULINA.
ANOREXIA NO HOMEM.
Ela age silenciosamente, mas os danos que provocam ao organismo são intensos. Distúrbio alimentar grave, a anorexia traz sérias complicações ao organismo quando não é tratada a tempo. A doença pode comprometer diversas funções vitais, tais como o funcionamento do intestino e do estômago, anemia, problemas cardíacos e, em casos mais graves, pode levar à morte. “As consequências da anorexia nervosa no organismo dependem dos meios que o paciente usa para alcançar seu objetivo de perder peso. Se a pessoa toma muito laxante, terá problemas no intestino ou se faz exercícios em excesso, pode perder massa muscular. Tudo vai depender de como ela faz para eliminar a gordura que acredita ter“, explica Adriano Segal, Diretor de Psiquiatria de Transtorno Alimentar da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
Homem – balança – Getty Images
Mas se engana quem pensa que o problema atinge apenas as mulheres. Embora seja mais comum entre elas, cresce o número de casos de homens com anorexia. O Ambulatório de Transtornos Alimentares (Ambulim), do Hospital das Clínicas (São Paulo), recebe 25 novos casos de homens por mês e cerca de 70 de mulheres. Desses homens, 50% tiveram problemas de obesidade na infância. A maior incidência da anorexia em homens ocorre entre 14 e 18 anos e os sintomas são muito semelhantes aos que acometem as mulheres. “Os sintomas da doença em homens e mulheres são basicamente os mesmos“, explica Roberto Barcellos Betti, endocrinologista do Hospital Oswaldo Cruz.
Segundo Adriano Segal, a cada 10 pacientes anoréxicos, um é homem. Porém, apesar deste número ser considerado pequeno, a situação é preocupante, pois a doença – diagnosticada quando a pessoa está com um IMC (Índice de Massa Corpórea) inferior a 15 – leva a óbito cerca de 10% das pessoas que a possuem. “Como é uma doença, em geral, relacionada às mulheres, alguns homens têm dificuldade em aceitar e assumir que estão passando pelo problema, mas isso não é uma regra. É uma questão cultural também“, explica Adriano.
A questão da estética não é a principal causa da doença e sim um fator desencadeante.
A falta de alimentação é um problema para qualquer organismo. O corpo fica sem combustível para executar suas atividades. “A diferença é que nas mulheres há a ausência do ciclo menstrual em função da desnutrição e nos homens isso não acontece“, explica Adriano.
Causas:
As causas ainda são desconhecidas. “Acredita-se que a anorexia nervosa é motivada por fatores genéticos associados a fatores como pressão social, problemas emocionais e motivações estéticas“, explica Adriano Segal. “Porém, deve-se frisar que a questão da estética, ao contrário do que se divulga, não é a principal causa da doença e sim um fator desencadeante em pessoas com pré- disposição genética ou outros problemas emocionais“, alerta ele.
Por que a doença atinge mais os jovens?
Cerca de 90% dos casos de anorexia atingem os adolescentes. “Normalmente, são jovens que têm um histórico de obesidade, de baixa auto-estima, timidez ou sofrem algum tipo de repressão de pais e familiares“, diz o diretor de psiquiatria da Abeso.
“Os jovens são mais suscetíveis às pressões externas e se sentem na obrigação de agradar. Como vivemos em um a sociedade que valoriza a estética, o corpo faz toda a diferença na hora de se relacionar socialmente, daí o aumento do número de casos“, alerta Roberto Barcellos Betti. “Além disso, é nesta fase da vida que os conflitos emocionais se manifestam com maior intensidade, contribuindo para o desenvolvimento da doença“, continua.
Ele chegou a pesar 25 kg em dois meses O ator Fabrizio Lopes, 23 anos, que chegou a perder 25 quilos em dois meses, após um regime feito por conta própria, foi uma vítima da anorexia. “Sabe aquela coisa de preciso ser magro para agradar a todos? Era assim que eu me sentia quando ouvia as piadas no almoço de domingo“, conta.
Gordinho desde a infância, Fabrizio conta que nunca quis seguir o padrão “sou magro”, mas as pressões dos amigos e familiares o levaram a começar o regime. “Eu não queria engordar e vomitava tudo o que comia, fiz isso por dois anos. E ainda usava laxantes e diuréticos. Melhorei quando comecei a namorar, porque daí tive que readaptar minha rotina a uma outra pessoa e não dava para continuar do jeito que eu estava“, finaliza Fabrizio.
Fabrizio se encaixava no perfil dos homens que apresentam a doença. “No início ou meio da adolescência, o jovem começa a fazer algum tipo de dieta e emagrece muito. Depois, começa a ter um comportamento obsessivo com sua alimentação. Daí vem a imagem distorcida de seu próprio corpo e a vontade incessante de se manter cada vez mais magro, que o impede de perceber a gravidade do problema“, explica Adriano.
Anorexia x bulimia:
Outro distúrbio que está associado à anorexia é a bulimia. Apesar de não ser tão grave quanto a anorexia, a bulimia também é um preocupante transtorno alimentar que vêm atingindo os homens. Caracterizado pelos vômitos após as refeições e pela alternância entre dias de comilança e dias sem comer nada para compensar os excessos dos dias anteriores, a bulimia pode provocar um tipo de anorexia mais difícil de ser detectada já que há períodos em que o paciente consome alimentos. “A doença pode desencadear um quadro anoréxico e um paciente pode ter os dois distúrbios ao mesmo tempo, mas isso não é uma particularidade da anorexia em homens“, diz o especialista da Abeso.
Tratamento:
Para Adriano, o tratamento é complexo, mas, em linhas gerais, tem bom resultado e a maioria consegue se livrar do problema sem grandes seqüelas. O médico ainda aconselha aos familiares e doente a procurarem ajuda para se orientarem sobre o tratamento, que é multidisciplinar, pois necessita de psiquiatra, nutricionista e clínico geral.
Ele acredita ainda que é fundamental para a superação da doença trabalhar a auto-estima e recuperar o peso normal: “quando a paciente está fora do peso, não processa direito informações e tende a diminuir sua percepção das coisas. Recuperar o peso e a auto-estima é fundamental para salvar estes pacientes“, finaliza Adriano Segal.
FONTE: Minha Vida.
Bárbara Stefanelli.
Em 2006, após a morte da modelo Ana Carolina Reston Macan, de 21 anos, por causa das complicações de uma anorexia nervosa, a doença chamou a atenção de todo o Brasil. Porém, ainda é comum pensar que o mal atinge apenas os bastidores de desfiles de moda e exclusivamente o sexo feminino. Mas, mesmo que a maioria das vítimas ainda seja de mulheres, a doença também faz parte do universo masculino.
A cada 10 anoréxicos, apenas um é homem. E, apesar de ser um número consideravelmente pequeno, a situação é preocupante, pois a doença - diagnosticada quando a pessoa está com um IMC (Índice de Massa Corpórea) inferior a 15 - leva a óbito cerca de 10% das pessoas que a possuem. E, claro, os mais atingidos pelas regras da beleza acabam sendo os jovens.
“Cerca de 90 % dos casos de anorexia atingem os adolescentes. Normalmente, são aqueles que têm um histórico de obesidade, auto-estima baixa e timidez”, explica o João César Soares, endocrinologista e nutrólogo da Unifesp. “Eles estão mais suscetíveis a se sentirem pressionados pelo culto à magreza”, afirma o médico.
“Em geral, o pessoal da mídia, os estilistas e as pessoas que são do meio da moda, consideram belo o magro. Mas, tem gente que possui esse biótipo, outros, não. Nós, brasileiros, temos uma estrutura latina, com quadris largos”, diz Soares, que acredita que deveríamos ter uma variedade maior de padrões de beleza para diminuir os índices da doença. “Os anoréxicos são extremamente perfeccionistas e, nos homens, a doença é mais intensa, pois eles têm mais facilidade de perder peso”, completa.
Ele chegou a pesar 35 kg
Tanta perfeição que levou N.R., 24 anos, que preferiu não ser identificado, a pesar 35 kg, mesmo tendo 1,75 m de altura. Atualmente curado, na época da doença, ele comia apenas de 200 a 300 calorias por dia. “Comecei a comprar aquelas revistas com listas de alimentos e calorias e calculava tudo o que comia. Em pouco tempo, eu emagreci muitos quilos”, diz o jovem que, aos 12 anos, passou a sentir-se pressionado por sua família a ser magro.
“Eu não queria engordar e vomitava tudo o que comia, fiz isso por oito anos. E ainda usava laxantes e diuréticos. Minha família me internou algumas vezes, mas, não entendia e só sabia falar que eu jogava dinheiro na privada”, conta N.R.. E, mesmo tendo passado por quatro internações em clínicas de transtornos alimentares, só conseguiu se curar aos 20 anos. “Me curei quando comecei a namorar, quando encontrei alguém que me amava como eu era e que se preocupava muito comigo”, completa o jovem.
O caso dele é a típica situação descrita pelo psiquiatra da Unifesp Marcelo Niel. “No início ou meio da adolescência, o jovem começa a fazer algum tipo de dieta e emagrece muito. Depois, começa a ter um comportamento obsessivo com sua alimentação”. E, além de ter esse rigor com seus hábitos alimentares, o anoréxico passa a se ver de forma bastante deturpada. “O transtorno desmórfico corporal faz com que o paciente veja uma imagem distorcida de si mesmo. Ele se vê muito mais gordo do que realmente é”.
Para Niel, “o tratamento é complexo, mas, em linhas gerais, tem bom resultado e a maioria consegue se livrar”. O médico ainda aconselha aos familiares e doentes a procurarem ajuda para se orientarem sobre o tratamento, que é multidisciplinar e que necessita de psiquiatra, nutricionista e clínico geral. “Há lugares, como o Hospital das Clínicas e a Unifesp, que disponibilizam atendimento e tratamento gratuito”, diz Niel.
Outros transtornos
Apesar de não ser tão grave quanto à anorexia, a bulimia também é um preocupante transtorno alimentar que atinge os jovens. “A doença pode desencadear em um quadro anoréxico, e um paciente pode ter os dois distúrbios ao mesmo tempo”, diz o João César Soares. “Por provocar vômitos, a pessoa pode virar anoréxica”.
Junior Cardoso, de 19 anos, ainda se trata para curar a bulimia. “Sempre fui gordinho, cheguei a pesar 115 kg. Comecei com dieta e, em três meses, emagreci 15 kg. Na época, estava passando aquela novela em que a menina tinha bulimia, "Páginas da Vida", e um dia comi e vomitei. No final da semana, tinha perdido 4 kg”, diz Cardoso. “Achei que poderia parar quando quisesse, mas emagrecer é um grande vício”.
E mesmo também enfrentando o problema, ele acredita que o fundamental para a superação da doença é trabalhar a auto-estima. “A gente precisa se sentir seguro, se amar até o último momento. E, depois, ver que, comendo normalmente, não vamos engordar, e que também podemos fazer esportes”, aconselha o jovem.
FONTE: WWW.estilo.ig.com.br